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Sexta-feira,
6/12/2019
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Juliette Binoche à brasileira
A Imovison, responsável por trazer grandes filmes que estão fora do circuito hollywoodiano para os nossos cinemas, completou 30 anos. Para a comemoração, a distribuidora trouxe ninguém menos que Juliette Binoche, uma das maiores atrizes francesas da atualidade. A festa aconteceu no cinema Reserva Cultural, em Niterói (RJ), no dia 29. Aos 55 anos, Binoche traz um currículo de sucesso, tendo recebido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Atriz em Berlim por seu papel em O Paciente Inglês (1996), além do Prêmio César (França) e Copa Volpi (Veneza) por seu trabalho em A Liberdade é Azul (1994). Com sua vasta experiência no audiovisual, a atriz falou sobre sua carreira, seus antecedentes brasileiros e a situação política no Brasil.
No caso de seus familiares, a atriz diz que sua família veio para o Brasil no século 19, onde um dos membros teve filhos com uma escrava, que foram levados para a França. Binoche lamentou o caso, dizendo que "nenhuma pessoa deveria ser escravizada. Nenhuma pessoa deveria ser usada. Se pudesse, pediria perdão a cada um desses familiares". E é por isso que a atriz gostaria de conhecer mais o país. Por isso ela aproveitou a estadia, mesmo curta, para comer uma feijoada caprichada e sambar na quadra da mangueira, e como se não fosse o suficiente, arriscou um jogo de capoeira.
Mas não deixou de comentar sobre situação política e seu desgosto com o nosso atual presidente, Jair Bolsonaro. "Para mim, um presidente que vem do universo militar já é uma coisa esquisita. Militares e políticos tão próximos... Isso me remete ao Trump". Ainda comentou sobre os casos de racismo, cometido por ele, "Ele [Bolsonaro] tem sido intolerante ao falar sobre mulheres, negros e índios. Você imagina que, supostamente, um presidente deveria representar todo mundo em seu país."
Esse ano, o filme Vidas Duplas foi exibido na retrospectiva de Olivier Assayas, na 43° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Agora Juliette Binoche já tem mais um trabalho concluído. The Truth (A Verdade, tradução livre), do diretor japonês Hirokazu Kore-eda, onde a atriz é filha de ninguém menos que Catherine Deneuve, outra grande atriz do cinema Francês. "Eu a assistia a seus filmes desde criança. Eu estou vivendo um belo conto de fadas atuando com essa atriz!", Afirmou Binoche. Ela também falou sobre seu trabalho com Kore-eda, "[Kore-eda] me remete ao Anton Tchékhov (dramaturgo e escritor russo, 1860—1904). Ele vê as pessoas tanto pelo lado sombrio quanto pelas suas partes iluminadas. Proporciona para cada um diferentes ângulos do que podemos ser".
Ao que parece, Binoche ainda está trabalhando em dois outros projetos. A nós, resta esperar pelo lançamento de The Truth, que promete ser uma grande produção, já que reúne um diretor e duas atrizes consagradas, e quem sabe mais um visita de Juliette Binoche em terras tupiniquins, o lugar onde ela aprendeu a sambar e jogar capoeira.
A entrevista foi dada a William Mansque, do Zero Hora.
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Postado por A Lanterna Mágica
6/12/2019 às 08h10
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E daí?
Cada um toma o seu caminho, Isso é um fato inconteste, Aonde vais, aonde eu vou, Ninguém sabe, nada nos foi dito, Peregrinamos mundo afora, Vamos desvendando o veredito.
Há quem ache isso bonito, Eu sequer tenho afeição, É o pensamento mais cansativo, Quem sou, aonde vou... e daí? Somos carne da mesma carne, Não adianta querer fugir.
Por vezes me pego a sorrir. Eu caminho, caminhamos nós, Tu te cansas, eu também canso, O que há de diferente nas pessoas? Tu as vestes ou as despes, De acordo com a tua mente atoa.
Rio, 02/12/2019
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Postado por Blog Feitosa dos Santos - Prosas & Poemas
2/12/2019 às 17h37
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Escritor
Um dia, entrando na rua Erê, de volta da escola, lembrei que minha irmã tinha falado que o Cyro dos Anjos morava ali e que sempre passava em frente de nossa casa.
Já era famoso, fiquei curioso, com vontade de conhecer, conhecer não, conversar com ele. Conversar sobre o quê? Não teria assunto. Morria de vergonha de tudo.Mas eu não estava cansado de saber que um escritor, um artista não eram igual a todo mundo? Não estava acostumado a ver os jogadores de futebol, famosos como o Pampolini, que eu via de perto, no Campo do Cruzeiro, toda hora dando entrevista, aparecendo nos jornais? Os artistas que via na Rádio Inconfidência, quando Lurdinha, nossa vizinha, doida pra ser cantora, levava a gente aos ensaios, e com isso eu acabava ficando perto dos artistas, tudo de fora, o Alcides Gerardi, o Anísio Silva e até o Gregório Barrios de uma vez que veio cantar em Belo Horizonte? Não tinha o Guignard, famoso no Brasil inteiro que dava aula pro pessoal debaixo das árvores no Parque Municipal? E o boêmio do Rômulo Paes, popular na cidade, todo ano com uma música pro carnaval , sempre no Café Palhares tomando umas?
O escritor é outra história.
Você vê um cara cantando, uma bailarina, um ator de frente pro público. Faz sentido um escritor puxar uma folha de papel e começar a escrever na sua frente?
Um outro artista — o regente de orquestra. De costas para a plateia sabe que lá em baixo pode ter alguém que naquela hora está pensando na pessoa que ama, ou outro que está com o coração apertado, que não aguenta mais porque nunca amou.
Nunca vou querer ser escritor. Escrevo alguma coisa de vez em quando, uns poemas pra passar o tempo, tranco na gaveta pra ninguém ver. Ficar horas e horas na frente de um papel, numa solidão danada?
Eu nem sei por que escrevi isso. Tudo por causa do Cyro dos Anjos, sempre solitário. Taí, O Solitário da Rua Erê, pensei, até dá título de romance. Não sei nada da vida dele, nunca li uma linha do que escreveu. Passa sempre na nossa rua, com um livro debaixo do braço — talvez até minhas irmãs suspirem.
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Postado por Blog de Anchieta Rocha
2/12/2019 às 10h53
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Diz o Homem ao homem
Com o que tirastes do outro, conseguistes ficar rico? Não! Pois, em verdade te digo, nada do que subtrairdes do teu irmão, sobrará a teu favor. Apenas e tão somente, com a força dos teus braços e o suor do teu rosto, conseguirás amontoar fortuna para ti e para os teus. Pois, tudo o que vem fácil, com mais facilidade sairá de tuas mãos.
Só um hipócrita se regozijará de atos espúrios antes que o dia termine. Se o que tens não te cabe por mérito próprio, ouso dizer-te a tua paga acontecerá, mesmo antes que o sol perca a luz e as trevas te envolvam nos mais profundos dos subterfúgios: a inveja, a ganância e a mentira te farão rastejar por caminhos errantes a Deus.
Rio, 03/11/2019
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Postado por Blog Feitosa dos Santos - Prosas & Poemas
1/12/2019 às 16h08
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Assim é o rei
Todos se foram, O acalanto silenciou. A lua fulgura por entre as folhas, Résteas salteadas foi o que restou, Nesse caminho que não leva a nada, Essa imagem mal falada, É tudo o que você deixou.
Já que fostes, Também eu, vou indo. O sombrio da noite baixa a tumba E o resplendente véu desnuda o rei. Vou indo sem a pressa de chegar, Parando aqui e em qualquer lugar, Não me importo se perdi ou se ganhei.
Rio, 14/11/2019
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Postado por Blog Feitosa dos Santos - Prosas & Poemas
1/12/2019 às 15h52
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Quanto às perdas IV
Torna-se fragmento a eternidade
do tempo que se recolhe ao amor
umedecendo orquídeas
de inacabado gozo.
Distraidamente, volto ao meu tema.
Meu livro de cabeceira a repetir
estórias que preciso ouvir. Meu canário
de estimação treinando a garganta
para um solo sem plateia.
Ao escapar do enovelado curso
da espera, minhas roupas atam-me
às hastes das glicínias azuis.
Na véspera do azul, foram
prenúncios de silêncio.
Na véspera do azul, foram
promessas de lábios.
De tudo isso, o tempo
é cúmplice. E matéria.
Ameaça de eternidade.
(Do livro Nada mais que isto)
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Postado por Blog da Mirian
28/11/2019 às 21h24
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Quanto às perdas III
Trancadas na urna das águas,
guardam-se as cinzas do extinto fogo da manhã
que reverterá no arco-íris.
Útero de infinita gestação,
ele é mãe das borboletas.
Das libélulas. Dos camaleões.
No princípio foi o verbo.
No princípio foi um jardim.
Na casca do fruto foi o sol.
O pecado.
As cores.
E na pele da serpente
a esmeralda.
O coral.
Do que será eterno
dizem as cores.
E as dores.
(Do livro Nada mais que isto)
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Postado por Blog da Mirian
16/11/2019 às 13h01
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Convite a meditação
O ser humano é tão ímpar, que ao lançar mentiras, crê disseminar verdades e, ao semear o mal, acredita colher o bem. Nada é eterno
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Postado por Blog Feitosa dos Santos - Prosas & Poemas
9/11/2019 às 11h41
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Sinfonia
Do canto de um sabiá, Sentimos muita saudade, Quando na mata da serra, Na copa da gameleira, Ou no pé da laranjeira, Rouxinóis em sinfonia.
No claro da antemanhã, À tarde na Ave Maria, Uma prece eu orava,
Se o meu amor passava, Minha fé esmorecia.
Olhava passar faceira, Despia-me do chapéu, Olhava o azul do céu, Cabisbaixo a espreitava.
De tudo saudade eu sinto: Das noites enluaradas, Da brisa soprando manso, Das corredeiras e remansos, Também da mulher amada.
Hoje me bate a tristeza, Me dói forte o coração, Não tenho minha viola, Também o meu violão, Com tinta, caneta e papel, Já que não sou menestrel, Te escrevo esta canção.
Rio, 20 de abril de 2009
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Postado por Blog Feitosa dos Santos - Prosas & Poemas
2/11/2019 às 10h58
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Um e outro
A primeira cacetada foi no dia em que abri um livro do Fernando Pessoa.
O que mais prende um leitor a um escritor é a identificação. Muita gente pode dizer que se identifica com o poeta português, com Drummond, com tantos outros. No dia em que o Fernando Pessoa caiu na minha mão, eu virei ele, completamente ele, pelas circunstâncias da minha vida, uma pessoa a poucos passos de aniquilamento, frágil, procurando a todo custo encontrar um caminho, não tendo a menor ideia aonde chegar: “Ter um lugar na vida, ter um destino entre os homens/ Ter uma obra, uma força, uma vontade, uma horta.”
A segunda cacetada, Trópico de Câncer, na mesma ocasião. O livro do Henry Miller me pegou pela crueza de linguagem e desordem da narrativa. Sempre me vem à memória a fala do autor ao lado da amante dormindo, com o foco de uma lanterna em sua vagina, divagando sobre sexo, prazer, amor, maternidade. Reflexão e encantamento com o centro e princípio de tudo.
Tinha hora que o poeta e o romancista se embolavam na minha cabeça, e numa bagunça boa eu ia conduzindo os dois. Um, exageradamente pueril, metafísico; o outro, mundano, irreverente. Conviviam e se harmonizavam. Quando me deparava com o americano irado chegando do submundo de Paris, o português me conduzia pacificamente em seu Chevrolet pela estrada de Sintra. E durante muito tempo permanecíamos em intermináveis diálogos nos bancos dos parques, nos assentos das conduções, em meu quarto, varando madrugadas.
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Postado por Blog de Anchieta Rocha
1/11/2019 às 11h04
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Julio Daio Borges
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