“Qual um sonho dantesco as sombras voam ...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!” Castro Alves
Noite e dia inundando a cidade
nos atormenta o aluvião da perda,
a sede da morte bebe nosso sangue
e seu bafio invade-nos as casas e narinas.
Noutras bandas, esfacelados os seixos da vida
que se perde nas matas sem horizonte,
implumes, os pássaros emudecem
diante da terra espoliada.
Alucinação? Tenho febre?
“Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura ... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!”
Quem será o algoz?
Que não é sombra nem ficção?
E se esconde atrás da arma?
De quem pode ser a fúria?
Do que não é corvo nem micróbio?
E se deleita diante dos mortos?
Quem serão os muitos cabeças?
Que passam a boiada e se anunciam?
E abrem as portas do inferno?
“Dizei-me vós, Senhor Deus!
Tanto horror perante os céus?!”
Ignorando o cadáver dos justos,
dizimados os nativos, os animais,
as divindades, a selva e os rios,
o cadafalso rasteja aos pés do poder.
Mas em meu texto renascem plumas
em cada palavra e em nossos atos
vencendo a tormenta de fogo.
Delírio? Delírio? Ó, delírio!
O que me responderás?
Veloz veloz, veloz, em meu onirismo,
cauda de arara azul, escamas de folhas,
canto de uirapuru, trajeto condoreiro,
benfazejo peixe solar ilumina o mundo.
Seduzida pela visão, pergunto ao encantado
se a esperança, inseto e sentimento,
pode ganhar forma imaginária.
E renascer tal forma real.
Brasis afora e adentro,
adormeço numa rede.
Plantando a régia vitória dos cocares
um Quarup universal cantará para sempre
o nome dos nossos mortos.
Nas aldeias, eles renascerão com o sol.
E iniciarão os humanos
nos rituais da vida.
Num sonho coletivo os peixes voam ...
Bandos de asas canções entoam!
Na selva germinam rios e paz.
O céu em brumas, Uma vez ou outra, um retalho do azul. Na ponta de uma linha a coruja de papel, Freneticamente a criança, Tentava elevá-la ao céu.
Subia e subindo com ela a esperança, Com o braço direito puxava, Com o esquerdo o rumo indicava, Vez por outra sorria, A rabiola ao vento serpenteava.
Passava horas a fio, A correr olhando para céu, De repente para cima apontava, Mas ninguém o acompanhava, Vinha a chuva, a coruja desmanchava, Assim ele começava a linha enrolar.
Vem para casa menino, Já é hora de se lavar, A vida não acaba hoje, Ainda terás muito tempo pra brincar. Avia, avia... Sua mãe a lhe chamar
São dois anos da mamãe, São dois anos do papai, São duas vezes dois de avós, E teremos muito mais, Em casa, na escola ou no campo, Aves, lagartas e pirilampos, Não convidá-los? Jamais.
Sou feliz, sou Samuel, Dois aninhos se passaram, Tenho pais e tenho avós, Esses sempre me encantaram, Tenho minha bisavó, Que no tempo deu um nó, Tios e tias, que me aconchegaram.
Somos todos andarilhos, Ando sempre a sonhar, Sei que você também anda, Anda a ver e a observar, Ando eu, anda você, Cada qual no seu andar.
Se eu ando trabalhando, Você anda a brincar, Se eu ando viajando, Você anda a sonhar, Você anda estudando, Eu ando te acompanhando, Andando te imitar.
Não precisa confirmar, Somos todos andarilhos, No tempo e nas jornadas, Eu ando no pensamento, Tu andas na caminhada, Andarilhos pela fé, Cansado ponho-me de pé, Sigo a minha andada.
Separamos hoje a lista dos melhores filmes da semana que estão em cartaz nos cinemas, a lista foi um oferencimento da Zona Crítica, um portal sobre críticas de filmes, animes, serie e tudo mais.
Na lista de hoje, separamos os filmes que foram mais comentandos nas redes sociais, segue a lista:
1: THOR: AMOR E TROVÃO
O filme segue Thor em uma jornada que ele nunca experimentou antes - uma busca pela paz interior. Mas sua retirada é interrompida por um assassino galáctico chamado Gorr, o Matador dos Deuses, que busca a aniquilação dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda do rei Valquíria, Korg e sua ex-namorada Jane Foster, que - para surpresa de Thor - inexplicavelmente empunha seu martelo mágico Mjolnir como o poderoso Thor. Juntos, eles embarcam em uma aventura de tirar o fôlego para desvendar o segredo da vingança do açougueiro dos deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.
2: MINIONS 2: A ORIGEM DE GRU
Situado na década de 1970, o novo enredo vê o começo de tudo, com Gru ainda criança e antes de se tornar um supervilão. Enquanto tentam, sem sucesso, se tornar parte do clã desonesto mais famoso do mundo, os Wicked Six, Gru e seus leais asseclas embarcam em uma arriscada missão para roubar uma joia. Confuso, Otto troca a gema por uma pedrinha de estimação.
3: LIGHTYEAR
Uma aventura de ficção científica e a história de origem definitiva de Buzz Lightyear, o herói que inspirou o brinquedo, Lightyear segue o lendário Space Ranger depois que ele, junto com seu comandante e equipe, estão presos em um planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz do exposto à terra. Enquanto Buzz tenta encontrar o caminho de volta para casa através do espaço e do tempo, o herói é acompanhado por um grupo de recrutas ambiciosos e o charmoso gato robótico Sox. Para complicar ainda mais, Zurg, uma figura imponente, e seu exército de robôs implacáveis chegam ao planeta com um encontro misterioso.
4: JURASSIC WORLD: DOMÍNIO
Jurassic World Dominion ocorre quatro anos após a destruição de Isla Nublar. Os dinossauros agora vivem - e caçam - ao lado de humanos em todo o mundo. Esse frágil equilíbrio remodelará o futuro e decidirá de uma vez por todas se os humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da história.
5: TOP GUN: MAVERICK
Depois de mais de 30 anos de serviço na Marinha como um dos melhores pilotos de caça do mundo, Pete Maverick Mitchell ainda está no trabalho, recusando-se a subir na hierarquia e parar de fazer o que mais ama, que é voar. Enquanto treina um grupo de pilotos em formação para uma missão especial da qual nenhum Top Gun jamais participou, ele conhece Bradley Bradshaw, apelidado de Galo, filho do falecido amigo de Mavericks, o oficial Nick Bradshaw, também conhecido como Goose. com fantasmas de seu passado, Maverick enfrenta seus medos mais profundos em uma missão que exigirá sacrifícios extremos dos escolhidos.
Top Gun é cotado como o filme do ano.
Casa ou Hotel: Entenda qual a melhor opção para viagem com crianças
Fazer uma viagem com as crianças nem sempre é uma tarefa fácil, ainda mais quando se trata de uma excursão internacional a Orlando, por exemplo. Logo, deve-se compreender qual a melhor opção a ser escolhida quando se trata de estadia, se é casa ou se é hotel, pensando no melhor para a convivência com as crianças.Uma coisa que deve ser ressaltada, é a dificuldade que é apresentada pelos pequenos na hora de dormir fora de casa, já que é uma tarefa que foge do comum da rotina deles, da qual eles estão acostumados.Por isso, quando for realizar uma Viagem Orlando, é relevante você procurar profundamente acerca dos melhores lugares para se hospedar.Assim como qualquer outra coisa que você realiza, uma viagem deve ter um planejamento antecipado e adequado, para evitar que qualquer problema ocorra no meio dessa excursão, que deve ser um momento de família e fora de preocupações. Sempre planeje bem antes de Viajar para Orlando.
Principais diferenças entre casa e hotel
Em conjunto com o fato de que você deve sempre ter um planejamento adequado acerca de um itinerário de viagem, é relevante saber, antes de qualquer coisa, quais são as principais diferenças de se hospedar em uma casa ou em um hotel.Após entender as principais diferenças, aí sim deve-se procurar porPacotes para Disney.Primeiramente falando dos hotéis, que são mais cobiçados hoje em dia pela maioria das pessoas, é a forma mais tradicional, já que um dos principais benefícios é o custeamento baixo da diária.Entretanto, vale dizer que existem as exceções, principalmente aqueles hotéis que tem alguma temática diferenciada, que vão de acordo com o lugar.Dessa maneira, se você ainda não está decidido sobre onde você quer se hospedar, é bom começar procurando porDisney Hotels Orlando, pois a maioria dessas moradias temporárias costumam contar com uma alta variedade acerca das temáticas, já que se tem diversos personagens prestigiados.Outra coisa que se vale constar quando se fala sobre hotéis em Orlando, bem como na maioria dos lugares, é a disponibilidade que se tem de um serviço de quarto de alta qualidade. Se estiver hospedado em uma Mansões em Orlando, é possível obter isso.Além disso, o hotel também é uma versão mais visada pelos pais, comumente, pois possui diversas áreas de lazer, como uma piscina, um playground, um salão de jogos, entre diversos outros espaços que podem contar com horas de diversão para os mais novos, o que muitas vezes é muito favorável.Os hotéis devem ser focados para aquelas pessoas que costumam viajar sozinhas, ou com poucas pessoas.Porém, deve-se lembrar que é muito melhor quando essas pessoas são adultas, pois as crianças costumam ser mais agitadas, o que pode acabar incomodando aquele vizinho chato de apartamento.Não são somente de pontos positivos os hotéis são feitos, já que conta com alguns negativos, sendo o principal deles a falta de privacidade que você terá em sua viagem, pois você não estará sozinho. Assim, esse deve ser um ponto importante a ser visado quando for fechar um pacote Disney baixa temporada.Falando um pouco mais sobre as casas que têm para alugar em Orlando, são diversos os pontos a serem levados em consideração, o primeiro deles deve ser toda a questão da privacidade e comodismo, já que você estará sozinho, juntamente de sua família, em um espaço que pode ser considerado só seu, pelo menos naquele momento.Por isso, é muito comum ver hoje em dia que as pessoas estão começando a avaliar mais calculadamente onde se hospedar, coisa que não era muito comum antigamente, já que o hotel era sempre a primeira opção quando se tratava de viagem.Não obstante,alugar casa em Orlando ficou muito mais recorrente.Embora o hotel tenha um diferencial de baixo custo, as hospedagens em casa cada vez mais vem diminuindo seu preço, e passam a oferecer a mesma quantidade de luxo que uma pessoa precisa para passar um bom dia em seu cômodo, podendo se sentir à vontade e se sentir como se realmente estivesse em casa.Dessa forma, é fácil falar que a principal vantagem de se hospedar em uma casa é aquela liberdade que você tem de fazer o que costuma fazer na própria residência, pois não irá contar com a presença de vizinhos, que muitas vezes podem ser aqueles mais ranzinzas, ainda mais quando se trata de crianças.Porém, assim como os hotéis, não são somente as coisas vantajosas que você deve levar em questão quando for procurar casas para alugar em Orlando, pois pode acabar escolhendo no impulso a estadia que quer ter no momento e acabar se arrependendo de ter escolhido sem ter feito uma busca mais profunda.Embora as casas contam com espaços luxuosos de cozinha, disponibilidade de fogão e de outras comodidades, é muito mais incomum achar aqueles que têm o serviço de quarto presente no pacote.Além disso, a segurança em uma casa às vezes é muito mais atualizada do que em um hotel, já que costuma ser em uma área mais aberta, mas dentro de condomínios. A segurança é muito maior e muito mais presente.A segurança de ter a chave de todo o local a ficar hospedado, oferece o sentimento cômodo de estar em casa.
Como escolher a hospedagem para fazer uma visita a Orlando com as crianças
As casas também podem aparecer em um preço mais confortável, é bem fácil de fazer um paralelo entre um hotel e uma casa, principalmente se você pegar uma casa luxuosa e um hotel luxuoso. Você verá que a casa provavelmente é mais barata, segura e privativa.Entretanto, uma coisa que deve também ser ressaltada, são aquelas casas de condomínio, onde ficam diversas casas iguais em um espaço um pouco maior, onde a segurança costuma funcionar tanto quanto a de um hotel, por um preço que é normalmente mais barato.Dessa maneira, é fácil perceber que as principais coisas a se ter em mente quando se for procurar lugares para se hospedar em Orlando, são:
Preço;
Localização;
Serviços e comodidades disponíveis;
Atrações e temáticas.
Portanto, não vá realizar uma reserva em um lugar qualquer, sem ter feito uma busca mais profunda dos melhores benefícios, colocando em uma balança quais são os pontos vantajosos e quais são os pontos negativos da hospedagem que você está visando comprar.
Mais dicas de escolha hospedagem em Orlando
Agora que ficou mais claro entender quais são os principais pontos que devem ser levantados quando for fazer um pacote de viagem, é pertinente conhecer outras dicas que irão te ajudar na hora que você for realizar uma viagem, que pode ser bem útil, principalmente para aqueles que nunca realizaram uma excursão maior.A primeira coisa que se deve fazer, quando se trata de hospedagem, não é somente olhar quais são os serviços e qual o tamanho do lugar, mas também onde ela está localizada, se está presente em um bairro que conta com um mercado, por exemplo, ou se está em uma região mais remota, sem muitos serviços a serem prestados.Além disso, uma coisa que muita gente acaba passando despercebido na hora de escolher uma localidade, é como é o feedback daquele lugar, ou seja, como as pessoas que já se hospedaram se sentiram na hora que ficaram por lá, o que pode acabar sendo um indicativo muito valioso, principalmente se você estiver em grandes dúvidas.Muita gente acaba gostando de um lugar, por ter grandes disponibilidades, uma cara mais charmosa e serviços mais presentes, mas quando se vai olhar um comentário realizado acerca do lugar são a maioria comentários negativos, ou, em muitos casos, onde não há um feedback realmente positivo.Uma dica valiosa que muita gente também acaba esquecendo de seguir, é utilizar da tecnologia para ver lugares para se hospedar de qualidade, já que existem diversos canais de comunicação, em diversas plataformas, que tem como finalidade tentar te trazer uma experiência prévia do lugar que você irá visitar.Se ainda está em muitas dúvidas sobre o que você realmente quer, ou até mesmo qual lugar você quer ficar, basta fazer uma pequena busca em alguma rede que você facilmente pode encontrar sua resposta, já que existem canais hoje em dia voltando somente para essa parte do turismo.Para viagens longas, alugar uma casa pode ser muito mais vantajoso, pois a privacidade e disponibilidade de cômodos, a liberdade de entrar e sair quando bem entender são pontos positivos.Logo, pese as possibilidades e selecione aquilo que melhor atender as necessidades da sua família.Conteúdo originalmente desenvolvido pela equipe do blog Markplan, site voltado para a veiculação de conteúdos relevantes sobre estratégias de negócios, pensados para abranger informações e novidades relacionadas aos maiores segmentos empresariais.
Apenas um fato. Eu voltava para casa caminhando, quando aquele reflexo luziu na calçada, passos a frente. Imaginei um brilhante caído de alguma venturosa orelha, um brlhante suicida arrojando-se para fora do encastoamento do anel. A ganância atreveu-se em cutucar a minha mente. Apertei os três passos de distância , vendo o brilho desaparecer com a mudança da posição do olhar. Quando cheguei perto, encima do alvo, lá estava a coitada. Uma lantejoula. Entre desapontado e autocritico, dei uma silente risada desdenhosa, debochei daquele destino infame, e lembrei dos meus tempos de cabaré, do barulho infernal, do cenário padrão, das colegas entrando rápidamente, as lantejoulas das roupas das coristas, o porteiro vestido como um general da banda, e segui o meu caminho, já penalizado com o destino daquela pobre lantejoula. Poderia ter sido atada a uma imponente roupa de priviégios. Poderia estar num traje qualquer em qualquer degrau da escala da vida, dos que podem mais e choram menos até aos que nem chorar podem. E estava alí, aproveitando um raio de sol perdido na calçada. Fiz uma discreta reverência com a cabeça, e nem parei para conferir. Era uma lantejoula indigente, sem terra, sem teto, sem amor, sem futuro....
As armas da Primeira Guerra Mundial levaram a uma matança sem precedentes. As armas da Grande Guerra, criadas ou modificadas pelas forjas da Revolução Industrial, foram amplamente utilizadas para vencer o conflito mundial.
Sete, estilhaçar, queimar e sufocar... Todas eram válidas para matar o maior número possível. inimigos quanto possível em menos. Tempo, acreditando que a guerra terminaria rapidamente.
Metralhadoras, lança-chamas, gases venenosos, aviões e tantas outras armas foram incorporadas à guerra das potências imperialistas.
As pessoas provaram como todos os dias Somos ingênuos e adaptáveis quando se trata de encontrar novas maneiras de matar os outros. A lista a seguir mostra muitas das armas que causaram milhões de vítimas durante a Primeira Guerra Mundial:
1 rifle
2 metralhadoras
3 lança-chamas
4 artilharia
5 armas químicas
6 submarinos
7 tanques
8 aviões
Fonte: Armas da Primeira Guerra Mundial
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No cinema, um mago viaja por multiversos incontáveis. No streaming, filmes e séries voltam no tempo para reviver um tempo anterior. Na realidade (realidade?), a história parece se repetir continuamente. Como não podemos abrir um portal e atravessar o tempo, de repente, você se pergunta: é um déjà vu , ou isso está acontecendo?
Esse sentimento pode parecer uma sensação isolada, mas não é. Vejo depoimentos, imagens, pessoas, que realmente vislumbram um certo tempo, não muito distante, imaginam e sonham que, de algum modo, “as coisas poderiam voltar ao que era antes”.
É mais complexo que “O feitiço do tempo”, filme de 1993, no qual o personagem acorda sempre no mesmo dia. Talvez nossa condição contemporânea, especialmente dos últimos anos, nos empurre para uma nova sensação, um desejo, de retorno e repetição.
Filme “Feitiço do tempo”. Fonte: https://media.fstatic.com/
É uma especulação. As percepções e suas tentativas de explicação, surgem quando especulamos. Mas, busquemos um fundamento mais, digamos, concreto. O mito do eterno retorno, tão conhecido e interpretado nos mais variados campos, pode servir como esse fundamento.
Não caberia aqui, evidentemente, abordar as várias interpretações que esse mito teve, desde a filosofia de Nietzsche à psicanálise freudiana. Fiquemos com a interpretação da mitologia de Mircea Eliade , presentes, nos livros “O mito do eterno retorno” e “Mito e realidade”.
Mais especificamente, tomemos a sua interpretação do ato de regeneração do tempo das origens. As sociedades arcaicas, diz Eliade, necessitam regenerar-se periodicamente. Os rituais de regeneração sempre se ligam a um ato, momento, exemplar, arquetípico e, em geral, cosmogônico, como o surgimento do mundo.
A vida do homem arcaico está ligada às categorias essenciais, mitos primordiais, atos arquetípicos e não a eventos. (Deixa eu logo fazer essa observação, antes que eu seja apedrejado por uma antropologia: hoje, uma certa interpretação antropológica chama sociedades arcaicas de tradicionais e modernas de complexas; estou usando os termos literais de Eliade).
Fonte: submarino.com.br
Esse homem não carrega o peso do tempo, mesmo nele vivendo, exatamente porque sua concepção temporal se liga à ideia das origens.
Quando, no tempo, a realidade cai em desgraça, quando o homem se afasta de seus modelos, exemplos, anula-se o tempo e, então, para essa concepção arcaica, é possível ir, novamente, em busca das origens, em busca de uma renovação.
Isso se revela em mudanças cíclicas, como as fases lunares, ou em eventos mais cataclísmicos, como o apocalipse, nos quais a realidade se degenera em “pecado” para, em seguida, se regenerar.
A ideia do tempo da modernidade, um tempo linear irreversível, de rememorar os mais variados atos históricos que devem ser guardados, registrados, está distante da concepção de tempo cíclico atemporal das sociedades arcaicas.
Mas, então, o que explicaria essa sensação de eterno retorno contemporânea, presente na realidade e na ficção?
Estaríamos voltando à ideia de um necessário retorno às origens? Estaríamos buscando substituir um tempo decaído por um tempo exemplar, menos caótico, menos catastrófico, mais estável e compreensível?
Não tenho respostas definitivas, mas impressões. Em primeiro lugar, como sabemos e o próprio Mircea Eliade deixa claro, o mito não finda com a sociedade moderna, mas ele se modifica.
Os exemplos são vários, desde os rituais que atravessam a vida, os mitos da literatura, dos quadrinhos, do cinema e tantos outros.
A questão é que, na vida moderna, diferentemente da ficção, o mito tende a operar dentro do tempo irreversível, que não pode anular os momentos “profanos” que se afastam dos modelos.
”A persistência da memória”, 1931. Salvador Dalí. Fonte: https://pt.wikipedia.org/
O que significa, por exemplo, que dentro desse tempo, os momentos de guerras, catástrofes, pandemias, permanecem dentro do tempo da modernidade. Pode-se argumentar que aprendemos com eles, ou que eles são inevitáveis.
Mas, como vimos, para a concepção arcaica, a noção do tempo não se mede dessa forma, daí por exemplo, podermos afirmar que para essa ideia do homem arcaico o tempo é sempre presente. E, quando esse presente se apresenta distante dos seus modelos originários míticos de origem, pode-se recorrer aos mais variados rituais para refundá-lo, trazer um novo tempo.
Não exatamente o mesmo tempo anterior, mas o voltar a origem, ao modelo, ao arquétipo, de certo modo, regenera o tempo, dando-lhe outra configuração.
O estimado leitor já entendeu que, na nossa sociedade moderna, somos incapazes de realizar tal feito, justamente porque nosso tempo parte do princípio de linearidade, da ideia de continuidade. A palavra é progresso.
Se somos fundados na ideia de linearidade e progressão do tempo e, com isso, da história, carregamos o peso dos fatos ocorridos e não podemos anulá-los.
Daí, por exemplo, a ideia de subversão da dor, do sofrimento, passar pela concepção de mudança, subversão, revolução. Mas, mesmo essa ideia, é atravessada dentro de um tempo que evolui, que não volta a um tempo de origem, de arquétipo.
”Contos do loop”, série de streaming
O homem moderno talvez sinta isso como impossibilidade, o que, ao mesmo tempo, pode explicar seu sentimento de um desejo de retorno.
Olhamos para trás e desejamos que determinado tempo voltasse, olhamos para dois anos atrás e queríamos que os anos que se seguiram não tivessem acontecido. Exatamente porque o que se seguiu foi preenchido por desprazer, queda, catástrofe.
Nossa ideia moderna de progresso no tempo nos obriga a caminhar para frente, carregando nas costas, memória, o fardo da história.
Talvez a enorme quantidade das produções imagéticas que criam loops temporais, portais interdimensionais, viagens no tempo, do cinema, do streaming, reflita esse desejo, satisfazendo, assim, esteticamente, nossa necessidade de retorno.
Pode ser sintomático que desejemos, através das imagens espetaculares de outros mundos e realidades proporcionadas pela técnica contemporânea, vivenciar outras realidades, um desejo de retorno e, contraditoriamente, isso nos coloque em uma simulada tentativa de desafiar o tempo. Nosso eterno retorno é outro.
O homem arcaico, com sua concepção religiosa e mágica – e, ironicamente, exatamente por isso é chamado de arcaico – realizava tal façanha dentro do seu próprio tempo.
Como não podemos realizar tal feito, um mago, no cinema, realiza um ritual e abre um portal de onde várias réplicas de pessoas e mundos surgem e, então, escapamos, imageticamente, de nosso tempo. De repente, você se pergunta: é um déjà vu, ou isso está acontecendo? Loop!
Sinto falta do céu de passarada, Do verde escuro das matas, Dos rios perenes e suas corredeiras, Das quedas d'água ou cascatas, Do homem que cuidava da terra, Saudosos rios e saudosas matas.
Preservar o meio ambiente, Parece-me parte da evolução, Estará o homem regredindo? Seus atos geram muita confusão, Os biomas da terra vão sumindo, A natureza entrando em decomposição.
O homem precisa da natureza, Como a terra, a água e o ar, Das suas minúsculas criaturas, Que vivem para o solo fertilizar, Dos arbustos as grandes árvores, Sem esses a vida pode estagnar